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Cobra Norato - Rua

  • Grupo: Referência da Cultura - Belo Horizonte-MG/Brasil
  • Gênero: Folclore musical
  • Texto: Da obra de "Lendas Brasileiras", de Câmara Cascudo
  • Adaptação e Direção: Paula Nunes
  • Elenco: Agnaldo Gomes da Silva, Rosimeire Sacramento, Carlos Antônio de Souza, José Francisco dos Santos, Washington Luiz da Silva, Robson Camargos dos Santos, Lucas Moreira de Souza,José Carlos Nogueira, Dênis Ferreira dos Reis, Rosilene Ferreira de Jesus e Paula Nunes
  • Duração: 30min
  • Local:
    • Praça Santo Antonio - 15:30h - 28/07
    • Praça São Paulo da Cruz - 10h - 05/08
    • Praça da Madona - 10h - 06/08

Entre os rios Amazonas e Trombetas, nas margens do Cachoeiri, nasceram Honorato e a irmã Maria. Gêmeos, vieram ao mundo na forma de duas serpentes escuras. Não podiam viver na terra. Criaram-se nas águas. O povo chamava-os Cobra Norato e Maria Caninana.

Cobra Norato era forte e bom. Não fazia mal a ninguém. Salvou muita gente de morrer afogada. Venceu peixes grandes e ferozes. Nadava esperando a noite chegar. Quando apareciam as estrelas, saía d’água arrastando o corpo pela areia. Desencantava. Deixava o couro da cobra na margem do rio, erguendo-se rapaz bonito. Ia dançar, ver as moças, conversar com os rapazes. Todo o mundo ficava contente. Pela madrugada, transformava-se novamente em cobra. Mergulhava nas águas do rio.

Maria Caninana era violenta e má. Alagava embarcações, feria peixes pequenos. Cobra Norato matou Maria Caninana e ficou sozinho.

Uma vez por ano Cobra Norato convidava um amigo para desencantá-lo. Se encontrasse a cobra dormindo com a boca aberta deveria sacudir três pingos de leite de mulher na boca e dar uma cutilada de ferro virgem na cabeça da cobra. Ela fecharia a boca e a ferida daria três gotas de sangue. Honorato ficaria homem para o resto da vida. Mas a cobra assombrava. Todos tinham medo.

Certo dia, a cobra nadou pelo Tocantins. Deixou o corpo na beira do rio e foi dançar. Fez amizade com um soldado e pediu que o desencantasse. O soldado fez o que era preciso. Honorato suspirou descansado. Queimou a cobra. As cinzas voaram. Virou homem, morreu anos e anos depois.

Nas terras e rios do Pará não há quem ignore a vida da Cobra Norato. Canoeiros apontam os cantos: “Ali passava a Cobra Norato.”

A lenda se passa às margens dos rios que compõem a bacia do Rio Amazonas. Seus personagens são caboclos, moradores daquela região. E a encenação se dá em dois planos: o real, representado pelo narrador; e o lendário, representado pela interpretação da história.

A trilha sonora é toda composta de canções do folclore maranhense, pernambucano, paulista e mineiro.

O Grupo


O espetáculo é desenvolvido pelos participantes da Oficina de Cultura Popular Brasileira e Teatro, integrada por pessoas com trajetória de rua, usuárias do Centro de Referência da População de Rua de Belo Horizonte - serviço da Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social.

O trabalho busca o resgate da identidade cultural e estimula a expressão da diversidade presente entre essas pessoas. O objetivo é envolver os participantes num movimento coletivo de criação e construção de processos que estimulem o resgate da auto-estima, a autoconfiança, e a confiança no grupo, podendo transpor esta capacidade de organização para a vida pessoal e para a mudança da situação social em que se encontram.