MAS, 38 anos, solteira, assistente social

Setembro de 2004
M. me procura para dar continuidade ao tratamento com Medicina Antroposófica, que já vinha realizando desde março de 2002 com outra profissional do PRHOAMA. Suas principais queixas nesta data são rinite e polipose nasal. Traz Rx seios da face mostrando velamento de seio maxilar esquerdo e tomografia computadorizada de seios da face apresentando polipose naso sinusal com espessamento mucoperiostal lobulado nos seios maxilares, frontal, esfenoidal e células etmoidais. Relata já ter realizado teste alérgico, que foi positivo para laticínios, cítricos, pelo de gato, mofo, poeira, café, tomate, camarão.

Queixa-se que piora sempre na época do inverno, quando o clima está frio e seco, ou em ambientes com ar condicionado. É funcionária pública, trabalha na área social com crianças. Recentemente esteve estudando para concurso, mas adoeceu e não conseguiu prestá-lo. "Estou sempre alto astral, adoro dançar, acho que sou simpática, mas é difícil entrar na minha vida. Sou metódica. Tenho facilidade de lidar com crianças, mas dificuldade com os muito pobres e revoltados, porque não consigo sensibilizá-los". Nos últimos meses tem estado mal humorada e tem apresentado níveis de PA um pouco elevados, mas que se regularizam quando faz exercício físico e toma chá de camomila. Conduta: Citrus Cydonia D3, Hydrastis D4 e Quercus TM

Novembro de 2004
Retorna relatando melhora da rinite, melhora da congestão nasal, mas ainda secreção amarelada. "Porque comi queijo com doce de leite... Sei que tenho que 'fechar a boca', mas não consigo". Satisfeita com seu trabalho, pressão arterial normal.
Conduta: Cichorium D2 Stanum cultum e mantenho o restante.

Maio de 2005
Retorna bem, sem queixas. Está cuidando da alimentação. Sentindo nariz um pouco sensível com o clima seco e observou que não pode ficar sem água e exercícios físicos. Não está precisando usar medicação."Tenho me sentido muito bem, aprendendo a lidar com os sintomas. Não tenho deixado o desequilíbrio das pessoas em torno me invadir, e assim, estou muito menos alérgica". Conduta: Usar medicação anterior em caso de sintomas agudos.

Agosto de 2005
Relata que passou bem o inverno, sem sintomas respiratórios. Mucosa nasal mais corada e sem secreção, sentindo mais os odores. Fez uma viagem, onde se sentiu feliz e realizada. "Só tenho feito coisa bacana. Difícil é a hora da volta ao trabalho, relacionar com os colegas, com a defasagem cultural... Quando somos inteligentes, incomodamos os medíocres. Tenho preferido o silêncio, mas nem sempre me sinto bem com ele. Tenho estado distante, desinteressada de relacionamentos afetivos". Neste dia seu exame era normal, a não ser pela pressão arterial de 160/100. Conduta: Primula veris D1 / Onopordon acanthium D1/ Hyoscyamus niger D2.

Setembro de 2006
Após um período bem, retorna relatando ter feito nova viagem, quando ficou "muito bem, feliz, sem sintomas da rinite". Está bem no desempenho de suas atividades profissionais, mas há algum tempo se desentendeu com os colegas e pensou até em mudar de trabalho. "Com as crianças, ou com os amigos, me relaciono bem, sem problemas, todos gostam de mim, mas no ambiente de trabalho, como é difícil lidar com as diferenças. Minha mãe comentou que tenho 'boca grande' e eu concordo; às vezes falo demais, falo o que não devia. Por isso tenho procurado investir mais nos relacionamentos tanto em casa, quanto com amigos e no trabalho."
Conduta: Mantenho sem medicação, considero que está num processo de mudanças, e indico retorno para avaliarmos sua evolução.

Comentário
Trago este caso para destacar um aspecto: esta paciente apresenta uma mesma característica, a dificuldade de relação e trocas com o ambiente a seu redor, em níveis diferentes. No físico, apresentando alergia, intolerância ao que ingere, ingerindo demais e reagindo de forma exagerada, produzindo muco e edemas ou apresentando aumento dos níveis tensionais. No sentimento, apresentando dificuldade de relacionamento, de trocas afetivas, no falar e escutar - ou fala demais ou se silencia, ora é simpática, ora intolerante com as pessoas com quem convive. Valoriza-se, se dedica ao trabalho, busca realizar coisas prazerosas, mas se refugia muito em viagens que faz sozinha. Interessante observar que ela chega com queixas físicas, que ao longo do tratamento vão melhorando, e ela vai então se percebendo mais internamente, numa esfera mais sutil. A partir daí vejo a possibilidade dela poder se trabalhar também num nível mais profundo.