TREINAR COM ALEGRIA

Tive o meu primeiro contato com o Lian Gong em 18 Terapias quando Maria Lúcia Lee chegou da China com esta novidade, no ano de 1987. Naquela época, treinávamos Tai Chi Chuan em São Paulo, na sede da Missão Católica Chinesa. Apesar de todas as dificuldades de conhecimento da técnica, iniciamos o treinamento do Lian Gong em 18 Terapias já com a música composta para a realização dos exercícios, no ritmo proposto pelo Dr. Zhuang Yuang Ming, que é o mesmo da respiração para atingir a “força interna” e obter os benefícios propostos.

Fazíamos o maior esforço para terminarmos a seqüência dos exercícios junto com o final da música. Apesar disso, a prática dos exercícios, mesmo que não conseguíssemos alcançar os seus padrões, era muito prazeroso, especialmente por nos movimentarmos com aquela música alegre e ouvirmos a voz firme e motivadora do Dr. Zhuang. Por eu não entender o chinês, o meu maior esforço era começar e acabar os exercícios no tempo correto. Eu, mineira do Vale do Jequitinhonha, recém-formada em Psicologia, ficava imaginando como deveria ser a prática deles na China...

Em 1995, Lúcia Lee organizou uma viagem para a China, na comemoração aos 20 anos de reconhecimento do Lian Gong em 18 Terapias naquele país. Haveria, em Shangai, uma Confraternização Internacional dos praticantes. Formamos um grupo para representar o Brasil naquele evento.

Esse foi o meu primeiro contato com o Dr. Zhuang e com seu filho Zhuang Jian Shen. Fiquei muito emocionada ao ver aquele senhor com uma idade mais avançada, com tanta disposição, vitalidade e com uma voz muito firme. Lúcia já havia feito um contato com ele e contado de nossas praticas no Brasil. Ele então, com muita paciência, começou a nos ensinar a técnica do Lian Gong em 18 Terapias. O que mais me chamou a atenção foi o que ele sempre dizia e fazia: “treinar com alegria”.

Para “treinar com alegria”, segundo ele, não deve haver “preocupação obsessiva em acertar a forma do movimento e nem displicência em relação aos padrões principais que orientam a prática” .

Era interessante sentir a “dor azeda” que ele dizia aparecer quando o exercício é executado de forma correta. Sentir a “dor azeda” sorrindo foi o que aprendi, pois isso indicava a forma correta do movimento e significava que estávamos absorvendo o melhor de todo o trabalho que ele havia desenvolvido.

Ele nos dizia sempre que era impressionante e gratificante o fato de nós, do outro lado do mundo, no Brasil, conseguirmos treinar a técnica do Lian Gong em 18 Terapias com tanta dedicação e disposição para o aprendizado.

Hoje, 19 anos se passaram; fui à China muitas outras vezes para me encontrar com o Dr. Zhuang e com Jian Shen, e para aprofundar meus conhecimentos em Lian Gong em 18 Terapias. Eles também estiveram no Brasil. E em todos os casos, tanto aqui quanto lá, sempre, com a mesma disposição e alegria para acolher e ensinar esta técnica tão preciosa que contribui para a melhoria da saúde do nosso povo.

No Brasil, em Belo Horizonte (MG), procuro desenvolver um trabalho que seja fiel e digno dos ensinamentos apreendidos.
Muito obrigado por tudo, Dr. Zhuang Yuan Ming.

Maristela Botelho
Presidente do Instituto Mineiro de Tai Chi e Cultura Oriental (BH/MG)