Rosângela
Rennó construiu sua obra a partir de uma instigante
investigação sobre a fotografia, expandindo
seus limites para a tridimensionalidade e a linguagem videográfica.
Fotógrafa que não fotografa, como tem sido
chamada, a artista se vale da apropriação
de imagens, sempre tendo em vista a discussão sobre
o papel da fotografia na sociedade. Sua mostra conta com
fotos, objetos, esculturas, vídeos e uma instalação
inédita.
A
grande instalação "Bibliotheca"
(2002) foi realizada exclusivamente para esta exposição
e ocupará o Salão Nobre do Museu. Composta
por 37 mesas-vitrines, a instalação "mostra"
a coleção de álbuns fotográficos,
fotos e slides antigos reunidos pela artista ao longo dos
anos. Em cada uma das vitrines, estão pequenos conjuntos
agrupados por critérios geográficos; fechando
as vitrines, tampos de acrílico sobre os quais se
reproduz fotograficamente a mesma imagem contida na respectiva
vitrine. Desdobramento de sua pesquisa com apropriação,
a obra tematiza a fetichização do objeto relacionado
à fotografia e o não-acesso à informação,
questionando, como diz a artista, a "museumania".
No
Mezanino do Museu, onde está o núcleo mais
panorâmico da exposição, incluem-se
obras de diferentes séries e períodos. Foram
selecionadas fotos das séries "Cicatriz"
(1996-97) e "Vulgo" (1998), realizadas a partir
de negativos originais do Museu Penitenciário do
Carandiru, e toda a série "Vermelha" (2000),
que revisita o imaginário militar por meio de retratos
apropriados. Serão exibidos ainda objetos emprestados
de importantes coleções particulares brasileiras,
correspondendo à produção da artista
entre 1990 e 1995. Tratam-se de peças de pequena
escala que, além de explorarem as possibilidades
escultóricas da matéria fotográfica,
trazem em si complexas narrativas.
Ainda,
será apresentada na Boîte do Museu a videoinstalação
"Espelho Diário" (2001), em que artista
interpreta uma série de situações envolvendo
personagens de nome Rosângela. A obra foi realizada
a partir de uma coleção de recortes de jornal
com homônimos da artista e consiste em uma projeção
dupla, de duas horas, que ocupará o palco da Boîte.
A obra foi realizada com apoio da Bolsa Vitae.
Rosângela
Rennó vive e trabalha no Rio de Janeiro e vem consolidando
relevante carreira internacional, com participação
em importantes projetos curatoriais. Participou da exposição
"Cocido y Crudo" (Centro de Arte Reina Sofía,
Madri, Espanha, 1994), do projeto "Insite ´97"
(San Diego, EUA, e Tijuana, México), da 6a Bienal
de La Habana (Cuba, 1997), da 2a Bienal de Johannesburgo
(África do Sul, 1997), da 22a (1994) e da 24a Bienal
Internacional de São Paulo (1998). A artista é
representada pelas galerias Fortes Vilaça, em São
Paulo, e Módulo, em Lisboa, e pela Lombard Fried
Gallery, em Nova York. Entre suas principais individuais,
estão as realizadas nestas instituições,
bem como "Cicatriz", no Museum of Contemporary
Art (Los Angeles, 1997), e "Rosângela Rennó",
no Instituto Tomie Ohtake (SP, 2001).
A
exposição de Rosângela Rennó
no Museu de Arte da Pampulha é a última de
um ciclo de mostras dedicadas ao centenário de nascimento
de Juscelino Kubitschek enfocando artistas nascidos em Minas
Gerais com obras e carreiras de destaque no cenário
contemporâneo. Valeska Soares inaugurou o ciclo em
abril passado, que contou, em junho, com exposição
de Rivane Neuenschwander e, em setembro, de Laura Lima.
Excepcionalmente, nesta abertura, o Museu não estará
apresentando mostras dos Projetos Pampulha, dedicado a artistas
emergentes, e Acervo.